O futuro digital avança sem pausa. Com ele, surgem novas pressões: múltiplos canais, produtos em constante evolução e usuários cada vez mais exigentes. No centro desse ecossistema, o mainframe enfrenta sobrecarga e custos crescentes. Modernizar, portanto, é inevitável. A dúvida é: qual caminho seguir?
O que são mainframes?
Quando falamos em mainframe, estamos nos referindo a computadores de alto desempenho, projetados para lidar com volumes gigantescos de dados e operações críticas. Segundo a IBM, um mainframe pode processar até 1 trilhão de transações por dia, sempre com os mais altos padrões de segurança e confiabilidade.
Não é à toa que esses sistemas, que já completaram mais de 60 anos de existência, continuam sendo fundamentais em diversos setores. Hoje, eles atuam como a espinha dorsal tecnológica de indústrias como bancos, seguros, turismo, automotivo, saúde, governo e naval, entre muitas outras.
Por que os mainframes são tão valorizados?
A força dos mainframes está em três pilares principais:
Segurança → são considerados um dos ambientes mais seguros para processar informações críticas.
Confiabilidade → funcionam praticamente sem falhas, garantindo disponibilidade quase total (24/7).
Desempenho → possuem capacidade incomparável de processar grandes quantidades de dados em pouquíssimo tempo.
Um exemplo prático ajuda a entender:
Nos bancos, milhares de transações online acontecem a cada segundo — transferências, pagamentos, consultas de saldo, compras no cartão. Esse volume não poderia ser processado com a agilidade necessária em sistemas convencionais. Como explica Fernando Biondani, especialista em mainframe e COBOL: “Esse nível de transacionalidade, simplesmente não pode ser interpretado por sistemas intermediários no tempo exigido.”

Então, por que ainda precisamos deles?
É justamente por essa capacidade única de processamento massivo e seguro que os mainframes seguem insubstituíveis em muitos setores. Para empresas que lidam com milhares de transações simultâneas, como bancos e seguradoras, eles não são apenas uma opção tecnológica — são a base que mantém toda a operação funcionando.
Em outras palavras: os mainframes continuam sendo os gigantes silenciosos que sustentam boa parte do mundo digital em que vivemos.
Por que os mainframes ainda são usados?
Por sua longevidade, os mainframes muitas vezes carregam o estigma de serem sistemas antigos ou ultrapassados. Não é raro ouvirmos previsões sobre a sua “morte anunciada”.
A realidade, no entanto, mostra o contrário: eles seguem firmes e indispensáveis. Isso acontece porque seus atributos únicos ainda não encontram substituto à altura, e também porque uma migração completa para outras plataformas seria altamente complexa e custosa.
Outro ponto importante é que a IBM mantém os mainframes em constante evolução, lançando novas versões a cada dois ou três anos, sempre equipadas com tecnologia de ponta.
A força dos mainframes hoje
Atualmente, 90% dos maiores bancos do mundo utilizam mainframes em suas operações críticas. Como explica Leonardo Zrycki, especialista reconhecido como IBM Champion zSystem:
“Os atuais zSystems têm uma enorme capacidade de processamento, por isso continuam a ser escolhidos pelas empresas mais importantes do mundo.”
O que diferencia a versão mais recente, o z16?
A geração z16, lançada pela IBM, mostra bem o motivo pelo qual os mainframes seguem relevantes. Entre suas capacidades estão:
- Processamento de milhares de transações por segundo.
- Suporte simultâneo a milhares de usuários acessando múltiplos recursos e programas.
- Gerenciamento de terabytes de dados em grandes bases de dados.
- Segurança robusta, com criptografia de dados embutida em hardware.
- Confiabilidade inigualável em ambientes críticos.
- Comunicação de alta largura de banda, garantindo eficiência em escala.
Inteligência Artificial integrada, capaz de detectar fraudes online em tempo real.
Modernizando o mainframe: por que e quando?
Nos últimos anos, o debate sobre o futuro dos mainframes ganhou força. Cada vez mais, empresas se perguntam: modernizar ou migrar para a nuvem?
O que muita gente não sabe é que modernizar o mainframe não significa obrigatoriamente migrar para a nuvem — seja em parte ou totalmente. Existem diferentes caminhos possíveis, e a escolha depende de fatores como custo, riscos, necessidades do negócio e impacto na operação.
Quando faz sentido migrar para a nuvem?
Migrar para a nuvem pode trazer vantagens como:
- Escalabilidade quase ilimitada.
- Redução de custos operacionais, especialmente em infraestrutura.
- Segurança aprimorada, graças a recursos modernos de proteção e monitoramento.
Por outro lado, essa opção pode ser cara e complexa, já que envolve repensar milhares de programas, processos críticos e fluxos de dados.
Quando faz sentido modernizar sem migrar?
Outra alternativa é modernizar o mainframe mantendo a estrutura existente. Essa opção tende a ser:
- Mais econômica.
- Menos impactante para o negócio.
- Viável para quem deseja preservar a confiabilidade do mainframe sem abrir mão de atualizações tecnológicas.
Então, qual é a melhor escolha?
Essa é a grande questão. Algumas perguntas ajudam a nortear a decisão:
- Vale a pena manter todos os aplicativos na plataforma?
- Faz sentido manter os sistemas centrais no mainframe e migrar apenas os aplicativos não críticos?
- Ou o melhor é abraçar de vez a nuvem?
A verdade é que não existe uma resposta única. Cada organização precisa avaliar suas prioridades e escolher a rota que melhor se adapta ao seu cenário.
Como explica o especialista Leonardo Zrycki:
Zrycki ainda reforça:
“A IBM, por exemplo, propõe um ambiente híbrido, no qual o mainframe se integra à nuvem. A decisão passa por fatores como os custos de migrar milhares de programas e os tempos de execução de processos online e batch.”
“Mais do que uma escolha técnica, trata-se de uma decisão estratégica. O sucesso depende da abordagem certa e de um plano claro.”
Um caminho inevitável
O que já não se discute mais é se os mainframes devem ser modernizados, mas como.
A transformação digital mudou hábitos e expectativas dos usuários. Novos produtos digitais, maior volume de transações e um ecossistema tecnológico em constante evolução estão pressionando as infraestruturas tradicionais.
Nesse cenário, modernizar deixou de ser apenas uma tendência: tornou-se imperativo para manter a competitividade e a sustentabilidade das operações.
Modernizando o mainframe: como fazer
Modernizar um mainframe não significa descartá-lo, mas sim atualizá-lo e otimizar seu funcionamento para que acompanhe os padrões tecnológicos atuais. Esse processo abre também uma oportunidade valiosa: revisar processos internos e identificar pontos de melhoria que aumentem a eficiência do negócio.
Ao aplicar estratégias modernas, é possível dar um “rejuvenescimento” aos sistemas legados, tornando-os mais seguros, ágeis e econômicos no consumo de recursos.
Principais estratégias de modernização
Entre as abordagens mais utilizadas para modernizar mainframes, destacam-se:
- Padronização da arquitetura → facilita a reutilização de recursos e simplifica a manutenção.
- Reestruturação em microsserviços → torna os sistemas mais flexíveis e escaláveis.
- Desacoplamento de funcionalidades → reduz dependências entre canais e sistemas, deixando a operação mais ágil.
- Boas práticas no consumo de dados → aplicação de diretrizes e padrões que garantem consistência e segurança.
- Otimização de processos críticos → revisão de fluxos, especialmente em rotinas batch, para reduzir custos e aumentar eficiência.
Atualização do core bancário → foco em diminuir o consumo de MSU, reduzindo gastos e melhorando a performance.
Benefícios esperados
Com essas iniciativas, o mainframe deixa de ser visto apenas como uma tecnologia “antiga” e passa a ser um ativo estratégico que:
- Gera ganhos operacionais.
- Aumenta a eficiência dos processos.
- Reforça a competitividade da organização no mercado.
O papel das equipes especializadas
Modernizar um mainframe exige experiência técnica e uma visão estratégica. Centros de Excelência, como o da IT Patagonia, mostram como essa transformação pode ser conduzida:
- Combinando talento humano e ferramentas exclusivas.
- Aplicando uma metodologia testada e eficaz.
- Apoiando as empresas em todas as etapas, do diagnóstico à implementação.
Além da atualização tecnológica, é essencial investir em capacitação de profissionais e na formação de equipes especializadas, capazes de gerir e evoluir continuamente esses ambientes críticos.
Benefícios da modernização do mainframe
Com mais de 35 anos de experiência apoiando instituições financeiras na Argentina, pudemos observar de perto os impactos positivos que a modernização dos ambientes de mainframe gera. Os resultados vão muito além da tecnologia: eles afetam diretamente a experiência do cliente, a eficiência operacional e a competitividade do negócio.
1. Melhor qualidade de serviço e mais satisfação do usuário
A modernização melhora a forma como os clientes interagem com a organização:
- Tempos de resposta mais rápidos, com maior disponibilidade e confiabilidade das operações.
- Experiência consistente e de alta qualidade em canais digitais e físicos.
- Contratação digital de produtos facilitada, sem burocracia.
- Onboarding simplificado, reduzindo barreiras para novos clientes.
- Gestão mais fácil de campanhas personalizadas em tempo real.
Acesso otimizado e uso inteligente dos dados dos clientes.
2. Eficiência operacional e redução de custos
A atualização dos mainframes também traz ganhos internos relevantes:
- Mais oportunidades de autogestão digital ponta a ponta.
- Maior integração com soluções como o IBM CDC, reduzindo o consumo de recursos do mainframe.
- Agilidade para implementar novos casos de autogestão em plataformas digitais.
Time-to-market mais curto, acelerando o lançamento de novos serviços e produtos.
3. Conformidade com SLA
Com processos mais automatizados e otimizados, a organização consegue cumprir acordos de nível de serviço com maior previsibilidade e confiança.
Conclusão
A modernização do mainframe já não é uma dúvida, mas uma necessidade. A maioria das organizações reconhece que precisa agir para continuar competitiva, reduzir custos e manter sua base tecnológica saudável.
Hoje, o mercado oferece múltiplas alternativas, incluindo integrações entre mainframe e nuvem. Mas seja qual for o caminho, acreditamos que o primeiro passo é sempre modernizar — garantindo uma base sólida para qualquer estratégia futura.